“Cantemos o grito de vitória…
O amor é vida…
O amor é transformação em Jesus Cristo:
A transformação em Jesus Cristo é ressurreição.” (GS/23/III/82/A)
Aqui, em poucas palavras, está o raciocínio de Gailhac. Amor, vida, transformação e ressurreição são sinónimos. Gailhac está muito confiante no amor de Deus: “Deus é amor, o amor é a sua essência” (GS/23/III/82/A) e por isso também está confiante na transformação e ressurreição.
As irmãs serão transformadas tornando-se uma com Cristo, tomando-o como seu modelo em todas as coisas.
Em 1864, Gailhac completa as Constituições para sublinhar a unidade das irmãs: “todas as irmãs do Sagrado Coração de Maria, Virgem Imaculada, devem ter um só coração e uma só alma”. Ele vai mais longe, vendo a recompensa final dos seguidores de Jesus: ‘Todos juntos no céu, com Ele e por Ele, serão um na glória da Sua divindade’. (Por extensão, toda a humanidade, escavada a partir da mesma pedra, faz parte desta unidade.
Nas Constituições RSCM nº 2 afirma-se:
“A nossa caminhada na fé como Religiosas do Sagrado Coração de Maria é de total compromisso no seguimento de Jesus Cristo, na transformação pessoal nele e na transformação do mundo”.
Concretamente e subjetivamente, qual poderá ser o fruto da transformação? Esta passagem do monge trapista Thomas Merton refere-se a dois aspetos relacionados: a visão e a unidade da humanidade.
“No centro de nosso ser, existe um ponto do vazio, intocado pelo pecado e pela ilusão, um ponto de pura verdade, um ponto, uma centelha, que pertence inteiramente a Deus…
É como um diamante puro, a brilhar com a luz invisível do céu. Existe em todos, e se pudéssemos vê-lo, veríamos esses milhares de milhões de pontos de luz a juntarem-se no rosto e no brilho de um sol que fariam desaparecer completamente toda a escuridão e crueldade da vida…” (Merton, Thomas. De: Conjeturas de um espetador culpado em An invitation to the contemplative life. Tradução do autor)
O Padre Gailhac foi por algum tempo confessor das Clarissas Pobres de Béziers. Em 1974, a Irmã Marie-Joseph do mesmo mosteiro, juntamente com outras, fundou uma casa em Cabinda, República Democrática do Congo. Uma das suas noviças, a Irmã Claire, era difícil e aparentemente inadaptada à vida religiosa. No entanto, após um período de oração carismática, ela teve uma experiência transformadora e saiu cheia de amor. Das suas palavras, lembrei-me: “O Senhor está aqui. Eu vejo-O em todo o lado”. (Comunicação pessoal da Sr M-Joseph no folheto das Clarissas Pobres). Penso que ela quis dizer que em cada pessoa para quem olhou, ela viu Jesus.
Podemos não ter tido todos um despertar tão dramático, mas estamos todos a viajar para o mesmo destino. Gostaria de vos convidar a fazer um pequeno exercício. Pense em alguém que a/o irrita – muito ou pouco. Pode ser um conhecido ou alguém que se vê todos os dias. Pense nessa pessoa, na sua aparência, nos seus costumes, no seu modo de falar. Agora, muito delicadamente, com gentileza para consigo e para com a outra pessoa, pergunte a si própria/o se porventura tem algumas falhas. Talvez não idênticas, mas conseguirá ver algumas semelhanças? Se puder, perdoe-se a si própria/o e à outra pessoa. Será que pode até rir-se disso? Agora, peça a ajuda do Espírito Santo para ter um vislumbre da pessoa que está por detrás da aparência. Na sua mente, olhe novamente para essa pessoa e tente não se distrair com as pessoas externas. Tente ver ambas/os como aquilo que são, nem mais nem menos – filhas/filhos de Deus.
Será que alguma coisa mudou para si?
Grupo de Herança e Espiritualidade
Heather Summers